Os praticantes do Vodum Gnóstico (linha de trabalho desenvolvida por Michael Bertiaux) consideram que a tradição Vodum Haitiana é de origem boreal, e que tem relação direta com o misticismo alemão e com o conhecimento da Atlântida. Isso por si só é uma grande viagem intelectual, e assunto para um texto à parte. Mas desse choque de mitologias surgem paralelos fascinantes. Vamos começar a mostrar esses paralelos com um dos casos mais interessantes, o sincretismo entre Odin e Damballa.
Damballa é visto como o pai de todos os Loa, e o mais importante entre eles. De forma idêntica, Odin é tido como o mais importante Aesir, e é chamado em muitas ocasiões de “Pai de Todos”. No caso de Damballa, essa paternidade é literal, mas Odin é na verdade o pai de muitos, não de todos. Alguns de seus filhos mais famosos são Thor, Váli, Vidar e Baldr.
Ainda no âmbito familiar, ambos têm diversas esposas. Enquanto o Loa é casado com Ayida Weddo e Erzulie Freda, algumas das esposas do Aesir são Frigga, Rind e Gunnlod.
E é dito que Damballa transporta os antepassados. E as profecias dizem que será Odin quem conduzirá deuses e homens ao Ragnarök, o evento cataclísmico que culminará na destruição do mundo como o conhecemos.
Uma curiosidade: apesar de ser o pai de todos os Loa, Damballa também tem um pai – Odan Wedo. Odan… um pouco parecido com Odin… Coincidência?
As semelhanças são muitas para serem ignoradas.
Mas até para divindades falta representatividade na cultura pop. Enquanto Odin é representado no cinema por Anthony Hopkins e Ian McShane, Damballa é evocado para trazer Chucky, o Brinquedo Assassinno, de volta à vida. Aonde estão os filmes bons com divindades do vodum? Alguém sabe?
Em Gnose Vodum, o autor David Beth traça esse e outros paralelos entre divindades do Vodum e dos mitos Nórdicos. Um exemplo é o sincretismo de Loki e Legba, mas há outros, igualmente interessantes, embora menos óbvios. Você encontra esse livro, em português, na loja da Penumbra Livros.
