Iluminação do Caos

Iluminação do Caos

Ao lado de Evocação, Invocação, Divinação e Encantamento, a Iluminação está associada à Lâmpada, e é uma das operações clássicas da magia. Há muitos que digam que a Iluminação é o objetivo maior da Magia – a Grande Obra em si. O alvo do adepto que busca a Iluminação, no fim das contas, é passar a se conhecer mais profundamente, corrigir suas falhas e potencializar suas qualidades.

Como São as Obras de Iluminação

O imaginário popular está cheio de exemplos de todas as outras operações. Conjurações de espíritos, anjos e demônios para Evocação; transes e possessões para Invocação; tarô, runas e outros métodos para Divinação; sacrifícios e amuletos para Encantamento. Mas, na prática, como são as operações de iluminação?

A verdade é que não há técnicas específicas para esse tipo de obra na magia clássica. O adepto acaba usando uma mistura de todas as demais operações. Invoca uma divindade para ampliar uma qualidade ou suprimir um defeito; evoca um espírito para tratar diretamente de algum traço de sua personalidade que deseja mudar; usa a divinação para descobrir algo que não está evidente para ele; ou usa de artifícios para afetar diretamente a realidade objetiva, corrigindo aquilo que o incomoda. Talvez o que mais se assemelhe a uma obra de iluminação sejam meditações, viagens astrais (ou espirituais), buscas xamânicas e as operações oníricas em geral. Mas todas essas técnicas podem ser usadas para outras finalidades.

Por que a Iluminação é Difícil

Saindo um pouco do ramo da magia e do ocultismo, o que a ciência nos diz? A ciência (psicologia, neurologia, etc.) afirma que mudar hábitos é difícil porque nosso sistema nervoso é programado para não mudar hábitos, por uma questão de sobrevivência. Se vivemos até agora fazendo as coisas do jeito que fazemos, estamos no caminho certo. Em time que está ganhando não se mexe. Mas o intrépido magista quer mais, e está sedento por mudança. E a mudança é a chave da Iluminação.

Iluminação segundo a Magia do Caos

É fato conhecido que os praticantes da Magia do Caos têm uma tendência a seguirem paradigmas baseados na ciência. É natural, portanto, que se use da ciência para lidar com a Iluminação.

Iluminação segundo Dave Lee

Dave Lee, autor de Caostopia, parte do modelo de Robert Dilts e Anthony Robbins dos níveis de cognição para trabalhar a Iluminação. Segundo esse modelo, há cinco níveis hierárquicos de cognição. São eles identidade, valores, capacidades, comportamento e ambiente; organizados do mais elevado para o mais baixo. Uma mudança na percepção de um nível afeta os mais baixos, mas não necessariamente os mais altos. Então, para mudar a percepção de ambiente e de comportamento, basta mudar a percepção das capacidades. Para mudar todos os níveis, basta alterar a própria percepção de identidade.

O conceito de “palavra-vírus”, de William S. Burroughs, é também abordado por Dave Lee. Segundo ele, palavras-vírus são “o conjunto autorreprodutor de instruções verbais que assombram nosso diálogo interno e controlam nossos pensamentos”. A idéia proposta por Dave Lee não é se livrar das palavras-vírus, e sim escolher um conjunto de palavras-vírus que sejam mais benéficos para nós, e passar a viver com elas, até que substituam as antigas.

Outros conceitos são abordados por Dave Lee em seu Caostopia, incluindo a teoria dos múltiplos egos, reprogramação de emoções e até técnicas de programação neurolinguística (PNL).

Iluminação segundo Peter J. Carroll

Peter J. Carroll, autor do Liber Null e Psiconauta, trata a Iluminação de forma similar. Ele defende que a magia do Novo Aeon trata fundamentalmente de Iluminação, e que isso se obtém através da desorganização das estruturas de crença.

O Liber Kaos (ainda não lançado em português) trata a iluminação de uma forma bem curiosa. Apesar do livro apresentar uma formulação matemática para o sucesso das operações mágicas, operações de iluminação não são cobertas por essa fórmula. Trata-se, certamente, de um caso à parte.

Carroll também defende que esse objetivo deve ser buscado abraçando cada pequena oportunidade que surge, mais do que como como um plano estruturado e grandioso. Na verdade, boa parte das operações mágicas descritas no seu Liber Null tratam dessa obra. Todo o corpo do seu Liber LUX (parte do Liber Null), por exemplo, trata de práticas que conduzem, ao fim, à iluminação. Entre elas estão Gnose, Evocação, Invocação, Libertação e Augoeides – que, no fim das contas, conduzem à expansão da consciência e à melhoria pessoal, aprimorando o Ego. Boa parte de seu Liber NOX (também parte do Liber Null) também conduz o adepto ao mesmo objetivo, apesar de seguir um caminho bem distinto. Entre suas práticas estão o controle do Duplo, Transmogrificação e a Crença Aleatória – todas, de alguma forma, são maneiras de desestruturar o Ego como ele é. Aprimorar ou desestruturar o Ego; não faz diferença para o adepto da Magia do Caos.

 

A Penumbra Livros está lançando pela primeira vez em portugês o seminal Liber Null e Psiconauta, de Peter J. Carroll, e você já pode adquirir o seu na pré-venda. Na loja da Penumbra Livros, você também encontra uma edição em português de Caostopia, um clássico da Magia do Caos, de Dave Lee.

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