Palo Mayombe – Nicholaj de Mattos Frisvold

Palo Mayombe: O Jardim de Sangue e Ossos é o relato de um iniciado sobre um culto de matriz africana em que o principal mistério é a prenda, o caldeirão contendo crânios ou ossos humanos, animado pelo espírito vivo.

Isso pode soar exótico e sinistro para nós, que estamos acostumados com Quimbanda e Candomblé, mas há um motivo para este estranhamento. O Palo Mayombe tem raízes totalmente diferentes das tradições de matriz africana estabelecidas no Brasil. Em primeiro lugar, ele vem de uma região da África cujos habitantes não vieram em massa para o Brasil. Além disso, se estabeleceu em Cuba, em condições de relativo isolamento cultural. Mas há um outro detalhe de suma importância: ao contrário de quase todas as outras tradições afro-americanas, o Palo Mayombe conseguiu se manter praticamente intocado pelas influências cristãs. Ele permanece sendo um culto fundamentalmente africano, mesmo tantos séculos depois de ter deixado sua terra natal.

Palo Mayombe: O Jardim de Sangue e Ossos é o livro mais abrangente já escrito sobre o tema. Além do trabalho com os mortos, o livro também aborda entidades, mitologia, cosmovisão, divinação, culto aos ancestrais, plantas de poder, sacrifícios animais, canções, entre outros tópicos que integram esta rica e desconhecida tradição. Ele serve tanto como manual para a prática do Palo Mayombe quanto como obra de referência para estudiosos e curiosos.

Além de iniciado em Palo Mayombe, o autor, Nicholaj de Mattos Frisvold, é também psicólogo e antropólogo. Sendo ao mesmo tempo um acadêmico e um praticante, Frisvold consegue com maestria desmistificar a má fama que a ignorância conferiu a essa tradição. Ele mostra como, mesmo trabalhando fundamentalmente com os mortos, o Palo Mayombe não é vil, cruel e mesquinho em sua essência, sendo também um caminho legítimo para o crescimento pessoal e comunitário. A obra traz também, de forma bastante frisvoldiana, paralelos surpreendentes entre o Palo Mayombe e aspectos inusitados da cultura ocidental, como por exemplo Odin, Baphomet, São João Batista e Heráclito.