No texto anterior a respeito de cogumelos, afirmei que cogumelo mágicko é a substância psicodélica mais segura que existe. Hoje vou falar a respeito da minha experiência entre eles e os Oneiros.
Quem são os Oneiros
Segundo a mitologia grega, dormimos graças ao Deus Hipnos. Ele, irmão gêmeo alado de Thanatos (o Deus da Morte), é o pai de milhares de outros deuses relacionados ao Demos Oneiroi, ou seja, ao Mundo dos Sonhos.
Não era possível, por maneira prática, fazer um ritual com todos os filhos de Hipnos. Isso porque nem ao menos tenho ciência de quem são. A literatura relacionada é escassa. Decidimos portanto evocar quatro Oneiros:
Hipnos: representando o Deus Sono pai;
Pasithee: a Deusa casada com Hipnos, uma das Graças, aquela responsável pelos estados alterados de consciência, pelo relaxamento, pelas alucinações;
Morpheus: o Deus que molda os sonhos dos mortais;
Phantasos: o Deus que molda os objetos no mundo dos Sonhos.
Como foi montado o ritual
Preparamos um banquete com comida grega, colocamos penas representando os deuses alados, e flores em tons de azuis (como forma de representar os oneiros).
Primeiro fizemos o banimento gnóstico do Pentagrama, evocamos os Deuses e então ingeremos os cogumelos. Como eu não optei pelas capsulas, os cogumelos fizeram efeito na hora (não demoraram quarenta minutos como na última vez). Isto também se deu porque logo no início experimentei cannabis.
A parte da limpeza
É comum após a ingestão de psicoativos que a pessoa se sinta mal e queira se livrar da substância. Este foi o meu caso. A ingestão de 5 gramas de cogumelos foi demais para o meu organismo.
Eu me senti pesada, um tanto fria mesmo com o aquecedor ligado. Senti que minha pressão estava baixa. O som ficou um tanto distorcido, como se estivéssemos dentro de um local com eco. Tive a sensação de que estávamos dentro de um barco.
Meu marido então sugeriu que eu vomitasse e me trouxe um balde. Eu demorei algum tempo, pois eu perdi um pouco a capacidade de reação e também porque perdi a capacidade de verbalizar.
Após a limpeza, eu melhorei completamente e então passei a ter de fato visões mais intensas que apenas cores incandescentes e imagens distorcidas.
Visões
Uma das visões que eu tive foi logo no estado de limpeza, no qual uma entidade-borboleta nos envolvia num casulo centilhante com cores roxo, verde, rosa.
Depois nos vi numa série de diferentes templos, com rosas e adornos diferentes, a depender da localidade.
Meu marido transformou-se neste Deus de ouro, no qual jorrava uma cachoeira. Nesta cachoeira navegavam pequenos barcos e cada barco que passava poderia ver um estilo diferente, como os das civilizações que nasciam e morriam.
Vi pessoas pintarem esses barquinhos de ouro e os colocarem no meu marido.
Vi também entidades de diversos panteões, em especial o egípcio e o grego. Por exemplo, Hera esteve por ali nos abençoando.
Eu tive um momento no qual confrontei meu eu-sombra e outro no qual senti o poder de minha Deusa interior. Viagens cósmicas, desdobramentos, muitos sigilos e símbolos sob meus olhos.
Mas talvez ver muito não significa entender de fato o que acontecia ao meu redor.
Num momento, eu vi as riquezas dos cosmos se abrirem para mim, bem como meu templo astral espiritual.
Pós-ritual
Dormimos. Quando acordamos, tivemos uma sessão de magia sexual. O sêmen corria pelas minhas pernas enquanto colocávamos as oferendas da árvore sagrada que tem no nosso quintal. Frente à nossa casa, achamos objetos de cristal, belas louças.
Será um presente de recém-casados? Mera coincidência? Ou algo que realmente teve a ver com o ritual?
Apenas sei que levarei esta experiência para toda a minha vida.