Por Juliana Ponzilacqua
Eu sou uma bruxa que não comemora todos os sabás. Não que isso seja algo pra ser polêmico (e isso é assunto pra outra postagem, outro texto ou outro podcast), mas obviamente Samhaim é diferente.
Estamos falando da noite mais longa, da festividade com mais luzes de velas, do véu que se afina entre o mundo dos que estão por aqui, e dos que já foram pro lado de lá (falar em “vivo” ou “morto” não faz sentido para mim). Falamos de festividades, de respeito, de lembrança. E se você não se preparou, se você não tem ideia alguma do que fazer, eu venho humildemente sugerir um trabalho pra você. Acredito no estudo da magia como, primeiramente, uma ferramenta de autoconhecimento ilimitada, que nos faz ir sempre longe.
Para isso, você não precisa sair correndo pra nenhum lugar comprar 5362847 coisas diferentes. Você tem um papel e uma caneta? Já está ótimo. Veja essa carta e esse símbolo queimado em osso, presente maravilhoso do meu amigo mago Marcos Keller. Consegue copiá-lo? Consegue imprimir esse sigilo, caso tenha uma impressora? Então você já tem muito para o ritual de hoje.
A Morta é uma servidora riquíssima. Ela nos lembra e nos mostra a conexão que temos com nossos ancestrais. Além disso, ela carrega em si o conhecimento do passado da humanidade. Se conectar a ela é ser encorajado a aprender com o passado, com a história daqueles que foram pro outro lado, principalmente para que não cometamos os mesmos erros que eles. Ter a história de nossos ancestrais é ter uma fonte rica de exemplos, tanto positivos quanto negativos.
Você pode imprimir a carta (jogue o nome dela mais o termo “40 servidores” no Google imagens e encontrará facilmente), use a sua carta do seu baralho (e leia mais sobre ela em seu grimório), desenhe você mesmo em um pedaço de papel o seu sigilo. Sente-se confortavelmente num lugar à meia luz, use o sigilo para uma pequena meditação. Você pode inspirar tranquilamente pelo nariz e soltar o ar pela boca. Acalme seus sentidos e converse com ela. Diga que está ali para aprender.
A mim, particularmente, ela mostra grandes histórias familiares. Ela me lembra de momentos que estive com pessoas que não estão mais comigo, e essas lembranças são sempre muito fortes e intensas. E elas sempre vem em uma ordem que faz muito sentido para o que estou vivendo no momento. Se você tiver uma vela em sua casa, pode usá-la para criar essa meia luz nesse cômodo que estiver. Se puder estar fora de casa, mesmo que seja em uma sacada, também é bacana.
Você pode fazer magia, você pode se reconectar, você pode entrar em contato com sua essência sem precisar de uma série de elementos externos. Obviamente isso não desautoriza, de forma alguma, os rituais. Eu mesma sou adepta deles e os faço regularmente. Só não use esse fato como desculpa para não realizar absolutamente nada em datas mágickas. Seu corpo é sua ferramenta, e a magia é o recurso dos despossuídos.
Use sua melhor ferramenta, você mesmo, nesse dia. E tenha muito sucesso.
Que os Deuses e Deusas te guiem nesse lindo dia. E te abençoem.
Se conheça. Conheça seus ancestrais.
Juliana Ponzilacqua é bruxa, runóloga e runemante, podcaster do Magickando, estudante erveira e está se dedicando à ordem mais maluca e fascinante do mundo. Você pode segui-la no Twitter e no Instagram (@_ponzuzu).