A Bruxaria Apocalíptica se distingue de outras práticas mágicas por entender a realidade obscura provinda da desolação da natureza.
Enquanto muitos ainda insistem em brincar com gnomos e fadas, Peter Grey demonstra o lado obscuro da bruxaria que é ignorado, indo de encontro com o paganismo moderno.
História contada pelos neopagãos: fato ou imaginação?
Alguns pagãos insistem em tornar palatável a história da bruxaria. Como se a mulher bruxa tivesse que afastar de polêmicas, esconder sua vida sexual e tomar o papel das princesas de contos de fada.
O moderno paganismo atordoado muitas vezes comete esse erro, optando por tomar os aspectos palatáveis de um passado imaginando e criar, a partir deles, uma fuga rumo a uma fantasia não realizada.
Peter Grey
Procuram realmente recriar a imagem da bruxa, e isso é compreensível, afinal a bruxaria moderna renasceu após um intenso período de perseguição.
Porém forçar a imagem de que a bruxa é a “nova princesa”, como se só fizesse o bem e fosse uma figura moral a ser seguida é realmente destrutivo para toda a comunidade.
Reconstrução neopagã: os fatos mais obscuros são varridos para debaixo do tapete
As práticas mais bizarras da cultura da qual o neopagão se apropria muitas vezes são completamente distorcidas ou escondidas.
Isso de fato é algo louvável, afinal, ninguém quer realmente trazer de volta o antigo ritual grego de sacrifício de pessoas feias, o apedrejamento ou outra práticas mortíferas.
Mas então, se realmente não praticamos como nossos antepassados, por que buscamos querer essa alcunha para nós?
Outros são mais rigorosos: isso é reconstrução, uma abordagem que pode ser pessoalmente satisfatória, mas só pode, em última instância, criar uma anomalia histórica condenada.
Peter Grey
A história que contamos nos nossos círculos como sendo verdadeira é, portanto, uma anomalia e muitas vezes reflete apenas o desejo de seu criador.
Bruxaria moderna: um sentimento, uma ilusão ou uma brincadeira?
No seu pior, a Bruxaria no Ocidente é apenas sentimento, um jorro sentimental e uma indulgência que podem oferecer consolo aos emocionalmente feridos por sua criação, mas não progride além deste estágio engatinhante.
Peter Grey
A Bruxaria que ignora seus problemas, a sua sombra e sua história sangrenta, tanto quanto a mão que fere quanto o corpo que foi ferido, deve ser questionada.
Precisamos parar de apresentar a Bruxaria como algo que o público que gostaria de ouvir, suprimindo nossa real história em detrimento de uma brincadeira de poucas pessoas.
A bruxaria moderna também pode ser uma brincadeira ofensiva
O New Age é uma dessas formas de imperialismo cultural, profundamente ofensivo para os povos nativos.
Peter Grey
Ao nos apropriarmos de conceitos dos quais pouco realmente entendemos, destruindo inclusive fonte de renda dos nativos, estamos na verdade brincando de ser bruxos.
Se não entendemos a simbologia e não vivenciamos de cabeça o ritmo e o rito, então estamos apenas performando uma situação, o que em alguns contextos podem ser prejudiciais.
Isto pode ser notado no artigo em: Como o turismo da ayahuasca está prejudicando os povos indígenas da Amazônia:
Alguns grupos da região estão putos com o alto influxo de gringos se vestindo de índios e degradando o antigo ritual religioso.
Mas então o que é Bruxaria?
O que define a bruxaria é que ela age. Este não é um caminho de contemplação, mas de engajamento. Só pode haver uma razão para engajar, e é o fato de que a ação é imperativa. A bruxaria cresceu da necessidade.
Peter Grey
Grey argumenta de que a Bruxaria Apocalíptica se baseia em 3 princípios: a orientação, a presença e o imperativo.
A orientação é entender que a bruxaria segue o ritmo dos cosmos. A presença nos mostra que precismos estar de corpo e alma durante um ritual. E o imperativo é realmente a necessidade de mudança.
Se a natureza está sofrendo, é imperativo que nos posicionemos contra sua destruição. Isto, para Peter Grey, é mais válido que qualquer ritual encontrado em algum grimório antigo.