Carta a Baba Lon

No livro Pergunte a Baba Lon, Lon Milo Duquette responde a cartas e dúvidas de seus leitores. Esta é a minha colaboração. 

Caro Baba Lon,

Sempre achei muito difícil encontrar a pessoa certa para me guiar neste caminho oculto. O problema, creio, é que sou extremamente desconfiada de ordens, grupos e de pessoas famosas. Não consigo sequer fazer terapia. Honestamente, como posso me abrir realmente para alguém e não ser internada como louca ou mentalmente incapaz no segundo seguinte?

Digo isso porque este detalhe quase me ocorreu. Descobri que esta é uma preocupação de muita gente! Ufa!  Eu sei que você falou sobre velhos tarados na OTO, abusadores e todo tipo de mal caráter, nos aconselhando a não prestarmos atenção na vida alheia. Por outro lado, passei a me sentir sozinha sem nenhum acompanhamento. Isto é, até encontrar você.

Procure alguém que pareça ser capaz de colocar as coisas em palavras – coisas que você já sabe, mas não sabia como dizer.

— Lon Milo DuQuette

Você realmente cumpriu o papel de dizer o que já estava na minha mente há um bom tempo. Ler você é como reencontrar um velho amigo. A ideia sempre esteve lá, de alguma forma, mas sua habilidade com as palavras me fez enxergar o óbvio. Por exemplo, quando lhe perguntaram sobre morte e suicídio, dois tópicos um tanto difíceis, você respondeu de forma concisa aquilo que estava ruminando na minha mente.

É como se eu tivesse debatido comigo mesma durante anos a respeito destes dois tópicos. Após assistir muitas palestras, ler muitos livros sobre o assunto, tudo isso ainda me perseguia. Havia uma ideia, nada muito concreta, nos bastidores da minha mente. Você colocou tudo isso em palavras, de modo que não apenas me iluminou, mas agora posso citar você quando precisar confortar alguém.

Procure alguém que está relativamente feliz com a vida.

— Lon Milo DuQuette

Vou confessar que tinha uma noção bem errada sobre como um ocultista deveria ser. Antes de você, na minha mente, um mago era aquele senhor austero de chapéu engraçado e que não sorri. O sofrimento era o semblante padrão: de modo que o mago excelente não tinha amigos, vida social ou um casamento sólido.

Você quebrou diversos preconceitos em mim: o primeiro deles é em relação à felicidade. Seu sorriso é provavelmente um dos mais sinceros que já vi. Ele acompanha muito bem o seu olhar tenro e firme. O segundo preconceito, talvez o principal, é em relação à vida social. De mago sofredor que passa o dia inteiro amaldiçoando sobre a vida, você não tem nada.

Seu espírito é jovem e brincalhão e ele se esbalda em cada linha.

Foi no seu bom humor, nas suas palavras vibrantes do Pergunte a Baba Lon que eu percebi que poderia ser feliz também. Há um brilho em você, algo contagiante, que me traduz o óbvio: “oh, espere, eu não preciso sofrer para praticar Magia! Nem mesmo morrer sozinha, esquecida, num quarto de um motel vagabundo!”

O terceiro preconceito que você quebrou foi em relação ao casamento. Confesso: eu ainda tenho um certo receio em relação a me prender a completamente alguém. Mas se você conseguiu manter um casamento sólido por décadas mesmo fazendo parte de um sistema que vibra impulsos sexuais, talvez eu também possa.

Procure alguém que pareça ser relativamente leal a si mesmo.

— Lon Milo DuQuette

Muito bem, você era bem esquerdista na sua adolescência. E quando eu vejo carregar bandeiras de igualdade, que incluem o casamento LGBT e discriminação contra imigrantes, eu vejo que você manteve fiel, em menor ou maior grau, àquele adolescente revolucionário de décadas atrás.

Procure alguém que pareça estar realmente evoluindo diante de seus olhos.

— Lon Milo DuQuette

Sua vida está bem representada em diversas redes socias, e principalmente nos seus tantos livros publicados. Eu realmente aprecio todas as fotos em preto-e-branco que você posta de sua família e sua carreira. Mas definitivamente, se olhar com olhos abertos, devo dizer que você está na sua melhor forma: artisticamente, intelectualmente e magicamente.

Obrigada por sua vida e obra,

Nome removido.

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