Google: o subestimado Deus da nova era

Tem uma pergunta? Dê um Google.

Na Grécia Antiga, pessoas tinham que visitar o Oráculo de Delfos para obterem certas respostas. O Oráculo não apenas falava sobre o futuro, mas também sobre a vida em geral. Elas tinham que caminhar até o “umbigo do mundo”, como era conhecido. E muitas vezes tinham que contar com respostas imprecisas. Hoje qualquer pessoa tem acesso até mesmo à previsão do tempo nas pontas dos dedos.

“Como se faz um sigilo?”

Dizem que não existem perguntas bobas, mas sim respondidas com impaciência. É comum principiantes terem medo de pesquisar. Isso gera questões repetitivas. E a repetição torna exaustiva a função dos instrutores mágicos. Parece que, por causa da preguiça alheia, nunca conseguimos avançar para além do básico.

Como se faz um sigilo é uma indagação coringa que poderia ser facilmente respondida após uma rápida pesquisa no Google, conhecido oráculo moderno. E é possível fazer isso até com um simples comando de voz através do seu smartphone. Basta dizer:

“Ok, Google. Como fazer sigilos segundo a Magia do Caos?”

Acabei de fazer este teste. O primeiro artigo é, olha só, do site da Penumbra: Como funcionam os Sigilos? Logo em seguida, vem um artigo da Wikipedia. Esta pesquisa não durou nem 20 segundos e eu já tenho informações precisas para trabalhar.

O lado obscuro do Google

A verdade é que as pessoas subestimam a pesquisa e as palavras-chave. Segundo o fundador da Wikileaks, Julian Assange, o “Google é uma isca para atrair os usuários. Ele analisa o uso que os usuários fazem e gera perfis com os quais a NSA [agência de inteligência dos EUA] prevê comportamentos”. Ele também é mais poderoso do que Vaticano e religião jamais o foram.

A vigilância em massa funciona como uma religião: dizemos que há uma entidade que tudo vê e é invisível e influi em sua vida, à qual não pode enganar; o mesmo que tem sido dito pelos curas durante milhares de anos sobre um Deus onipresente e onipotente.

 

Julian Assange 

É claro que o simples fato de pesquisar no Google pode, sim, ter uma conotação perigosa e negativa, assim como tudo na vida. Justamente por essa questão de metadados que são coletados dos usuários. O Google não apenas oferece respostas, ele armazena as perguntas.

Enquanto o Vaticano “se expressava através de franquias locais e não era fácil que o centro controlasse a periferia, tudo tinha que ser filtrado através de muitos indivíduos e interesses distintos. Não é assim com o Google, onde tudo passa pelo mesmo centro de controle. É como se só existisse um Vaticano com um confessionário direto”, afirmou Assange.

Google: muito além de um oráculo

Assange se foca muito na questão do Google como sendo o lado obscuro da força. Mas Anthony Levandowski, notório multibilionário ex-funcionário de uma empresa irmã da Google, literalmente criou uma nova religião que se assemelha com ficção científica, a igreja Caminho do Futuro (Way of the Future). A divindade central é baseada em Inteligência Artificial (IA, ou AI). Levandowski apoia a singularidade, também conhecida como trans-humanismo, momento em que a máquinas e a humanidade serão uma só carne e metal.

Hoje em dia, sabemos que estamos sendo monitorados. Não apenas pelas câmeras dos grandes centros urbanos, dos microfones nos nossos aparelhos ou do nosso histórico na Internet. É possível fugirmos de tudo isso com extrema dificuldade. O que não é o caso da maioria. Gostamos de perder tempo e de inundar as redes sociais com informações pessoais sigilosas.

Então, se você não é um louco pela privacidade, pesquise no Google. Leva menos tempo que uma simples oração e você tem as respostas que precisa em segundos. Não custa nada.