Quando o assunto são números com significados ocultos, a maioria das pessoas pensa em 7, 3, 9, 5. Alguns pensam em 23. Mas poucos pensam em onze.
A Décima Primeira Letra
A décima primeira letra de diversos alfabetos é o K ou seu equivalente. Essa letra está associada ao deus Júpiter, e ao aspecto jupiteriano da magia. O Kaph dos alfabetos semíticos deriva do pictograma de uma mão; que por sua vez simboliza o Falo, o instrumento da manifestação da Vontade. Em Hebraico, Kaph é a letra da manifestação (realização do potencial).
Mas ao mesmo tempo em que o K representa o falo, a vontade; ele também pode representar um aspecto feminino. Na forma egípcia de Khu ou Khou, representa a vagina.
O K, a décima primeira letra, portanto, simboliza ao mesmo tempo o falo e a vagina, a Vontade e a fonte do poder mágico. Não é de se admirar que o K e o 11 tenham virado objeto de obsessão para Aleister Crowley.
Crowley, o Número Onze e a Letra K
Este simbolismo ao redor do K foi um dos motivos pelos quais Crowley optou pela grafia pouco convencional de Magick ao invés de Magic, como forma de distinguir a Magia verdadeira (manifestação de potencial através de vontade) de truques e charlatanices. O número onze, portanto, está encrustado no sistema de Crowley até mesmo nestes detalhes pouco óbvios.
O Onze se manifesta de formas mais evidentes na obra de Crowley. A estrela da A∴A∴, por exemplo, tem onze pontas – é a união do Pentagrama (5, Humano) com o Hexagrama (6, Divino). O Hexagrama Unicursal da Besta é frequentemente representado com a Rosa de cinco pétalas de Babalon no centro. É inevitável lembrar do Grau XI da O.T.O., que dispensa comentários. O próprio acrônimo A∴A∴ é uma forma escrita de Onze (A=1, logo AA=11). Há onze linhas de texto no verso da Estela da Revelação, ligada à canalização dO Livro da Lei. “Do what thou wilt shall be the whole of the Law” tem onze palavras, todas monossílabos. O número onze aparece, mais explicitamente, no próprio Livro:
Meu número é 11, como todos os números deles que são de nós.
AL, I:60
O Onze na Qabalah
Os estudiosos da Qabalah consideravam o Dez como um número estável sagrado, representando as Emanações Divinas. O Onze representava desequilíbrio, e era um número maldito. Por isso ele é relevante no sistema Qliphótico, e tem seus significados no Sitra Achra.
O Onze também representa uma antiga fórmula de Mágicka Sexual: 0 = 2. Esta matemática absurda se faz possível ao vermos a fórmula de forma liberal: 0 = (+1) + (-1), portanto 0 = 1 + 1 = 2. A união do ativo e do passivo, do masculino com o feminino, resulta na anulação tanto quanto na criação. Desta forma, 11 representa uma forma dinâmica de 2.
Se quiser saber mais sobre os sentidos ocultos do número onze (e de vários outros números!), as obras de Kenneth Grant são uma excelente fonte. O assunto é tratado em O Renascer da Magia, mas Aleister Crowley e o Deus Oculto traz um capítulo inteiro dedicado a explorar seus significados.
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