PSYOP pode ser uma sigla esquisita, mas é uma que você deveria conhecer melhor. E acredite – tem a ver com o horário de verão.
O que são Operações Psicológicas?
Por mais que pareça um nome fictício, saído de um livro de George Orwell, Operações Psicológicas (ou PSYOP, do inglês Psychological Operations) são uma coisa bem real, que existe desde que o mundo é mundo. E, definitivamente, não é uma coisa bonita.
O objetivo final de PSYOP é simples: aplicar métodos psicológicos para induzir uma determinada reação nas pessoas. Em tempos de guerra, a principal manifestação de PSYOP se dá na forma de propaganda. Vide a Alemanha nazista, que conseguir convencer o povo de que ideais indefensáveis estavam corretos. Vide a propaganda dos norte-americanos no Vietnã, que mesmo perdendo a guerra conseguiram convencer muita gente de que venceram.
No entanto, fazer PSYOP em tempos de paz é mais complicado. Exige mais sutileza.
Usar psicologia para afetar ações, reações e pensamentos de uma pessoa não é difícil para profissionais treinados e em condição de poder sobre sua “vítima”. E exige, normalmente, pouco esforço – um pouco de conversa, trocas de pequenos favores, etc. Mas para controlar toda uma população – ou a maioria dela – são necessários mais recursos. É preciso conhecer a população. É preciso controlar a mídia. E é preciso apelar para grandes estratagemas – televisionar a chegada do homem à Lua, por exemplo.
Mas isso não é só coisa de americano?
Não! Aqui mesmo, no nosso Brasil varonil, até abril de 2014, o Exército contava com um Batalhão de Operações Psicológicas! E por que contava, no passado? É claro que esse absurdo acabou assim que alguém descobriu que o povo estava sendo vítima de PSYOP, certo?
Errado.
Ele só mudou de nome, passando a se chamar Batalhão de Operações de Apoio à Informação. Ah, me sinto muito mais tranquilo agora! Ah, o poder das palavras! Se George Orwell tivesse ideia de como suas visões viriam a se concretizar…
Isso não é teoria da conspiração. O texto integral da Portaria 314 de 11 de Abril de 2014, publicado no Boletim do Exército, está aqui em baixo. Mas você pode conferir no site oficial se quiser (http://www.sgex.eb.mil.br/sistemas/be/boletins.php). Nós não estamos malucos.
Nome bonito, não é? Mas o que faz esse tal Batalhão de Operações de Apoio à Informação?
De acordo com o site oficial – sim, eles têm um site oficial (http://www.copesp.eb.mil.br/index.php/editoria-b/1-boai), não muito. E certamente não parece PSYOP. Aparentemente, eles negociam (não se sabe o que), e mandam gente para o Haiti.
Um exemplo de PSYOP da vida real
Talvez – provavelmente, na verdade – você não seja um fã de novelas globais. Mas acredite: houve uma época, e não faz muito tempo, em que todas as novelas da Globo tinham mocinhos militares. A intenção era melhorar a imagem das Forças Armadas perante a população. Veja o exemplo de Salve Jorge, onde o personagem principal era do Exército:
Em Flor do Caribe, os mocinhos são da Aeronáutica. E deram até um jeito de botar uma mulher, para mostrar que a Força não é só para cueca.
Convenhamos: não existe possibilidade de dois autores de novelas, no mesmo período, terem tido a brilhante ideia de colocar protagonistas militares em suas obras, apenas porque acharam que isso era importante para a trama. Junte isso com uma penca de filmes e séries – todos globais – com policiais e forças especiais, todos extremamente honestos e honrados. Tudo na mesma época. Não tem como achar que isso tudo é coincidência.
Mas o que o horário de verão tem a ver com isso?
Antes de continuar, peço perdão pelo preâmbulo longo, e por ter colocado novelas da Globo no meio. Isso era só para mostrar que PSYOP existe de verdade e que é tão sutil que o observador casual raramente é capaz de perceber sua atuação.
E aí entra o glorioso Horário de Verão.
A desculpa oficial para o horário de verão é a economia de energia. O governo brasileiro estima que R$147,5 milhões tenham sido economizados. Parece muito dinheiro, não? Sim, e é mesmo muito dinheiro. Mas vamos fazer contas. De acordo com o censo de 2010, o Brasil tem 190 milhões de habitantes. Qual deve ser, então, a economia por habitante? A bagatela de R$0,76 por habitante. Isso mesmo: nem um real por habitante.
Você acha mesmo que R$0,76 compensam o transtorno? O esforço de colocar anúncios em todos os canais de comunicação, alertando a população? O impacto nos sistemas de informática? Os compromissos perdidos? Deixar o país com três fusos horários diferentes durante meses?
Para mim, a resposta é bastante óbvia.
Então, por que existe esse esforço coordenado do governo? É muito simples: para mostrar quem manda.
Controle do Tempo e PSYOP
Quem controla o tempo está no poder. Pode parecer idiota, mas continue comigo.
Na época em que a Igreja exercia verdadeiro poder sobre a população (você pode achar que isso existe até hoje, mas acredite: alguns séculos atrás, isso era muito pior), era ela quem controlava o tempo. Os métodos de marcação de tempo da época – velas, relógios solares e hidráulicos, etc., não eram precisos nem práticos. Era preciso estabelecer um padrão de horário para a comunidade. E esse era definido pelas badaladas dos sinos das igrejas.
Em dado momento, relógios mecânicos tornaram-se viáveis – mas só para os muito ricos. Os poucos donos de relógios faziam questão de chegar pontualmente nos seus compromissos. Isso era elegante. Mostrava que eles eram senhores do seu tempo. É daí que vem o conceito das chiquérrimas pontualidades britânica e suíça.
Mas hoje todo mundo tem relógio. Ou melhor, ninguém mais tem relógio – as horas estão por toda parte, sincronizadas automaticamente. No celular, no computador, no elevador, na rádio, no jornal do SBT. Então como alguém pode demonstrar superioridade, sendo dono do tempo?
A resposta, mais uma vez, é óbvia: mude o tempo, deliberadamente. Invente uma desculpa idiota. Faça eles acreditarem. E mostre a eles quem manda.
O horário de verão é uma das principais PSYOP dos tempos modernos. E quase todo mundo aceita a desculpa esfarrapada.
Como eu posso me defender do Estado grande e malvado?
Se você leu até aqui, você já fez alguma coisa. Você agora sabe o que eles estão tramando.
Mas você pode fazer mais. Você pode resistir. Você pode entrar para a Sociedade Discordiana, e bater de frente com a farsa que é a realidade consensual. Recuse-se. Resista.
A leitura básica para os aspirantes e membros da Sociedade Discordiana é o Principia Discordia, que está finalmente disponível em português na loja da Penumbra Livros.
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