Grigori Yefimovich Rasputin – ou apenas Rasputin, como se tornou conhecido – foi uma figura chave na Rússia do começo do século XX. E também foi um dos magos mais notórios que o mundo já viu. Sua história é cheia de causos bizarros e episódios inacreditáveis. Mas não é assim com todos os grandes magos? (E não é assim com todos os russos?)
Santo, louco, mago, curandeiro, devasso, gênio, fanático, imortal – faltam palavras para fazer justiça à história de Rasputin.
O Começo
Grigori Rasputin nasceu em uma pequena vila na Sibéria, em 1869. Seu primeiro grande feito foi ter sobrevivido. De uma família com nove crianças, apenas duas sobreviveram. E, obviamente, Grigori estava entre elas.
Era uma figura peculiar. Não frequentou escolas, mancava, tinha diversos tiques, e frequentemente se envolvia em brigas. E é claro, desde jovem, alguns moradores locais diziam que ele tinha poderes sobrenaturais.
Em dado momento de sua vida, foi passar uma temporada em um monastério, onde teve contato com um eremita. Esse homem misterioso o convenceu a largar o álcool e a se tornar vegetariano. Meses depois, de volta à sua vida normal, Rasputin era um novo homem, convertido e tomado por uma nova fé.
Após receber uma visão de Nossa Senhora de Kazan, Rasputin mudou de vez seu estilo de vida. Desiludido com a vida nos mosteiros, passou a peregrinar pela Rússia, e logo passou a ser reconhecido como um homem santo e curandeiro milagroso.
A Fama
A indesejada fama de homem santo fez com que Rasputin quisesse se afastar cada vez mais da região onde era conhecido. Começou uma peregrinação a Kiev, a mais de 3.000 quilômetros de distância. Em seu caminho, chamou a atenção de bispos e outras figuras da igreja, por sua inteligência e memória prodigiosas, e por suas interpretações pouco usuais das escrituras sagradas.
E as peregrinações fizeram com que ele chegasse, em 1904, a São Petersburgo, então capital da Rússia. Foi nesta metrópole que Grigori, dotado de uma memória impressionante, teve seu primeiro contato com o misticismo dos persas, espiritismo e ocultismo. Não demorou para passar a ser conhecido como um grande místico. Um ano depois, foi apresentado ao czar e à czarina. E foi neste ponto que tudo mudou.
Rasputin e o Czar
Não foi por acaso que Rasputin ganhou os favores da corte. Em 1905, teria usado de seus dons sobrenaturais para salvar a vida do filho hemofílico do czar. Depois desse episódio (que se repetiu diversas vezes), passou a gozar da total confiança da czarina. Logo se tornou um professor, conselheiro espiritual e um grande influenciador da corte.
Já na corte do czar, Rasputin desenvolveu um método curioso de livrar mulheres do pecado. É claro que o método envolvia sexo. Com ele.
Para quem começou a vida como camponês na Sibéria, viver na corte sob os auspícios da família imperial, e envolvido com inúmeras mulheres importantes parece ser um grande avanço. Logo Grigori sucumbiu aos prazeres que havia renegado no começo da vida. Voltou ao álcool e deixou a devassidão se instaurar. Isso, somado a suas atividades de “cura” e “libertação” com as mulheres, foi mais do que suficiente para arruinar sua vida.
A Morte de Rasputin
A primeira coisa que vem à cabeça da maioria das pessoas ao pensar em Rasputin não são as curas milagrosas, as interpretações pouco ortodoxas da Bíblia e os ensinamentos ocultos à família real russa. Sua história mais famosa e impressionante é a de sua morte.
Por causa de seus hábitos devassos e de sua influência sobre a família real, muitas pessoas importantes da Rússia queriam Grigori morto. Ele já havia sido esfaqueado na barriga por uma prostituta, mas conseguiu sobreviver. Cerca de um ano depois, um grupo de nobres preparou uma emboscada para ele.
Rasputin aceitou um convite para um jantar, com a intenção de lá encontrar-se com uma jovem particularmente interessante. Nesse jantar, ingeriu três copos de bebidas envenenadas com cianureto de potássio. Mas isso não foi suficiente para mata-lo.
Quando os conspiradores perceberam que ainda vivia, apesar da dose cavalar de veneno, deram-lhe um tiro no peito. Um médico foi chamado ao local, verificou seu pulso, e o declarou morto. Depois desse momento, Rasputin abriu seus olhos, atacou um dos agressores, e em seguida saiu correndo.
Durante sua fuga, recebeu mais um tiro nas costas e um na cabeça. Ainda assim, continuou vivo. Os conspiradores então cortaram seu pênis e o espancaram, chegando até a quebrar alguns ossos. Mas ainda assim, Rasputin não morreu.
Finalmente, foi enrolado em um tapete e arremessado em um rio congelado. O corpo foi encontrado três dias depois, e a causa da morte foi dada como afogamento. Somente as águas gélidas do inverno russo foram capazes de acabar com sua vida.