Uma das mais modernas formas de classificar os diferentes tipos de magia é pelo seu espectro cromático. Ou seja: pelas cores da magia. Esse espectro abrange oito cores, não ficando restrito ao clássico e simplório branco e negro. Estamos apresentando uma dessas cores de cada vez. Já falamos da magia negra e da azul. Agora é a vez da magia verde.
Por que Magia Verde? Tem a ver com a natureza?
Na verdade não muito. Uma definição simplória, e talvez resumida demais, é de que magia verde tem a ver com amor e atração. Não é necessariamente atração sexual, que fique claro. Essa está mais no domínio do Roxo.
O esquema de separação por cores é relativamente similar à clássica sistematização planetária. Mas há algumas diferenças. No caso da magia azul, por exemplo, é fácil fazer uma correlação com o arquétipo de Júpiter. Mas as coisas não são tão simples com a magia verde. A rigor, o “verde” estaria relacionado exclusivamente a Vênus. Mas esse lado do espectro de cores abrange também alguns aspectos da magia lunar.
O Verde na Árvore da Vida
Talvez seja mais fácil recorrer à árvore da vida para melhor compreender a distinção dos aspectos venusianos e lunares.
Vênus é representado na Qabalah por Netzach. Essa é a sephira da vitória, que se dá pela transcendência das paixões individuais. Um dos símbolos dessa esfera é a pomba da paz, ou do espírito santo. Ela está ligada ao amor incondicional; ao próximo e ao próprio universo.
Já a Lua é representada por Yesod, que é a esfera dos sonhos e do sexo do ponto de vista fisiológico. O aspecto do sexo por recreação, impulso, instinto e todas as outras coisas legais é melhor representado por Gamaliel. Gamaliel é o antipolo de Yesod da árvore do conhecimento. Ambos são dois lados da mesma moeda.
Tanto Netzach (Vênus) quanto Yesod (Lua) se relacionam a amor e atração. Mas de formas diferentes. E ambos se relacionam com a magia verde.
Amor Próprio
Como você acha que é possível fazer alguém se sentir atraído por você (não necessariamente no sentido sexual) se você não se considera atraente? Se você não tem um mínimo de amor próprio? Como é possível vender um produto que você mesmo acha ruim? Para obter sucesso nas operações de magia verde, é preciso resolver este pequeno problema preliminar. É preciso aprimorar e desenvolver a autoestima. Mesmo que provisoriamente.
Os métodos para isso são diversos. Mas podemos considerar meditações, buscas xamânicas, invocações pertinentes… A lista é longa, e pode sempre ser ampliada.
Muitas vezes, operações que melhoram a autoimagem e aumentam a autoestima são usadas como preliminares para o trabalho principal. Por exemplo, para conseguir conquistar aquele cliente chatíssimo durante uma reunião ainda mais chata, é interessante “preparar o terreno” previamente com uma operação de magia verde para melhorar a autoimagem. Tudo fica mais fácil depois disso. O mesmo vale para o cortejo no sentido sexual. Não é muito diferente do clássico “beber para criar coragem”.
Mas então é fácil fazer os outros gostarem de mim?
Nem sempre. É muito mais fácil fazer com que uma pessoa de quem você gosta passe a gostar de você. Uma pessoa que você considere odiosa estará no extremo oposto. Fazer uma dessas pessoas, por meio de magia verde, passar a te respeitar, simpatizar com ou até se sentir atraída por você, é uma tarefa mais complexa. Mas não quer dizer que seja impossível.
As técnicas para estabelecer essa atração não param exclusivamente na magia cerimonial. Na verdade, usar técnicas de PNL (Programação NeuroLinguística) costumar funcionar igualmente bem, ou até melhor.
Mas até onde eu posso chegar com a magia verde?
É claro que é possível usar a gnose da magia verde para objetivos elevados. Iluminação pessoal é sempre um tema favorito. No âmbito do espectro verde, é possível usar essa gnose para ampliar o sentimento de amor pelo próximo e por tudo que nos cerca. Pode parecer meio bobo, mas é na verdade um sentimento bem agradável.
Resolver problemas de autoimagem é também uma boa. Não recomendamos ninguém a abandonar seus tratamentos, mas com certeza algumas invocações e meditações (quando bem executadas) podem trazer resultados melhores do que consultas intermináveis com profissionais questionáveis do ramo da saúde mental. E com certeza é mais interessante do que recorrer a muletas químicas para resolver um problema totalmente individual e interno.
Você provavelmente conhece alguém que não tem nada de mais – não é uma pessoa bonita, nem particularmente inteligente, nem rica, nem engraçada – mas ainda assim conquista a simpatia de todo mundo. É difícil racionalizar: como essa pessoa consegue ser tão atraente, no sentido literal da palavra? O maior objetivo prático da magia verde é desenvolver em si essa atração, essa empatia inexplicável.
Uma boa referência sobre magia prismática é o Liber Kaos, de Peter J. Carroll. Enquanto este título não é traduzido, o Liber Null e Psiconauta, do mesmo autor, é um bom ponto de partida para quem quer começar a estudar magia. Se você quiser saber mais sobre magia lunar, O Renascer da Magia, de Kenneth Grant, tem um capítulo focado nesse tema. Kabbalah Hermética, de Marcelo Del Debbio, é uma referência excelente para conhecer melhor os espectros planetários do ponto de vista da árvore da vida. Estes livros estão disponíveis na loja da Penumbra Livros.
Se quiser se aprofundar mais sobre as esferas da árvore do conhecimento relacionadas a Netzach e Yesod, recomendamos nossos artigos sobre A’Arab Zaraq e Gamaliel.
Veja também:
As Cores da Magia: Magia Negra
A’Arab Zaraq: Os Corvos da Dispersão