No Liber Null e Psiconauta, Peter J. Carroll fala da arte da divinação e como é frequentemente necessário recorrer a intermediários simbólicos para que a percepção mágica se manifeste por completo. Qualquer sistema poderia ser usado, mas há o caveat de que eles tanto podem significativamente ampliar a prática quanto arruína-la por completo. E sua escolha de método influiria muito nisso.
Os melhores sistemas seriam aqueles que estão logo abaixo do limiar da arbitrariedade, mas acima do limiar da pura aleatoriedade. Para isso, metodos xamânicos envolvendo o jogar de ossos, pedras ou bastões de runas são os mais simples e melhores.
Assim, para os interessados na arte da presciência, a Penumbra iniciará uma série explicando um pouco sobre o sistemas de runas divinatórias como intermediários simbólicos entre seu eu consciente e inconsciente.
Runas: o que são?
As runas são um antigo alfabeto germânico, usado para escrita, divinação e magia. Elas foram usadas em todo o norte da Europa, Escandinávia, Ilhas Britânicas e Islândia de cerca de 100 aC. Até 1600 C.E. Do ponto de vista mais mundano, as runas são um sistema de escrita, mas sob os pontos de vista mundano e cósmico, são um sistema de comunicação.
Seja na magia rúnica, em que o mago busca fazer o mundo objetivo acomodar-se a seu desejo subjetivo; ou no jogo de runas, no qual o mago tenta ler as verdades escondidas no seu próprio ser subjetivo ou mesmo nos mundos objetivos, as runas são instrumentos. São um meio pelo qual mensagens podem ser enviadas e recebidas.
A divinação rúnica ou “jogar runas” não é “adivinhação”, no sentido de que se vê o futuro. Em vez disso, as runas dão um meio de analisar o caminho em que se está e um desdobramento provável. O futuro não é fixo. Ele muda com tudo o que fazemos. Se alguém não gosta da previsão, sempre se pode mudar de caminho. Mas para isso, é necessário força de vontade.
O antigo alfabeto rúnico “Futhark Antigo” contém 24 runas, e é assim chamado pois as primeiras seis runas do alfabeto soletram para fora a palavra “FUTHARK”. Cada runa deste alfabeto tem significados esotéricos e propriedades associadas, além de seu significado mundano e valor fonético. Cada um traduz uma palavra ou uma frase significando conceitos importantes para os primeiros povos que os usaram, representando as forças da natureza e da mente. Cada runa tem uma história anexada a ela, uma relação com um deus nórdico.
As runas são bastante flexíveis na forma em que podem ser usadas. Teoricamente, tudo o que você precisa são 24 pedaços de papel, nos quais cada runa deve ser escrita. Afinal, a mágica está no mago, não nos seus apetrechos.
Todavia, contar com um grupo permanente de runas é benéfico para manter o senso de conexão, dedicação e intensidade. Mas do ponto de vista talismânico, até pedaços de papel escritos com caneta Bic são superiores aos jogos de runas industrializados. Ou seja: faça suas runas e guarde seu dinheiro.
Se estiver interessado em saber mais sobre o mecanismo por trás de diferentes métodos divinatórios, fica a sugestão de leitura do Liber Null e Psiconauta, que você encontra na loja da Penumbra Livros.