Já estamos bem avançados em nosso caminho pela árvore do conhecimento. Passamos por Lilith, Gamaliel, Samael, A’arab Zaraq, Thagirion, Golachab e Gha’agsheblah. O último desafio foi a travessia do Abismo. A próxima parada é em Satariel, Os Ocultadores.
Depois do Abismo
O Abismo é uma linha divisória que separa muito claramente a tríade superna da árvore do conhecimento (as três Qliphoth superiores) e as demais Qliphoth. No Abismo, o adepto é submetido a uma morte simbólica, e passa por um renascimento.
Satariel é a primeira Qliphah que o adepto renascido explora. É, portanto, uma porta para o submundo, a primeira etapa da parte mais escura da jornada. Nesse trecho do caminho, o adepto caminha pela total escuridão, rodeado de absurdos, incongruências e delírios.
Satariel e Binah
O antipolo de Satariel na árvore da vida é Binah. Se Binah é associada a Saturno e à cor preta, e é considerada de forma geral uma Sephirah sombria, imagine como é seu antipolo obscuro!
Um dos aspectos aos quais Binah é frequentemente associada é a compreensão intuitiva. Em Satariel, em contrapartida, escondem-se conhecimentos ocultos. Visões de labirintos escuros e intermináveis são comuns ao explorar essa Qliphah. E só ao explorá-los é possível descobrir o que esses labirintos escondem. E é daí que vem a alcunha de Os Ocultadores – todo o ambiente da Qliphah tem a ver com coisas escondidas e pouco evidentes. A descoberta dessas coisas ocultas engrandece o adepto que as desvenda.
Alguns cabalistas, ao interpretar a árvore da vida de forma antropomórfica, atribuem a Binah o aspecto do Olho Esquerdo. E como veremos mais adiante, a abertura do terceiro olho é uma das consequências da exploração de Satariel.
Destino e Morte
Satariel, com seus labirintos sombrios, está profundamente ligada ao destino, à morte e aos aspectos saturninos em geral. Vários deuses da morte – fundamentalmente, deuses da passagem do tempo – são associados a esta Qliphah. Entre eles estão Cronos, Saturno e Kali – mas a lista não para por aí.
As deusas do destino também costumam estar ligadas a Satariel. Exemplos clássicos são as Moiras gregas e as Nornes nórdicas. Até mesmo Lilith, que pode ser considerada uma deusa menor do destino, parece ter sua gênese nesta Qliphah, embora não a habite.
Encontros em Satariel
Mas quem se pode encontrar nesse lugar escuro, nesse portão de acesso ao submundo? Ninguém menos do que as clássicas deidades infernais, é claro. Ereshkigal, Hel e Hades são figurinhas carimbadas. O regente dessa Qliphah é Lucifuge – não confundir com Lucifer. Lucifuge é aquele que foge da luz, enquando Lucifer é o portador da luz.
É também em Satariel que ocorre uma importante experiência da gnose draconiana – o encontro com o grande dragão Tehom.
A Obra Mágica de Satariel
O que se pode fazer nesse labirinto de profunda escuridão, cercado de incertezas e delírios? Na verdade, alguns tipos de magia se beneficiam enormemente desse ambiente escuro e incerto. Alguns exemplos são a manipulação do tempo e do destino – lembra da associação com as Moiras ou Nornes?
Para encontrar tudo que se encontra oculto em Satariel, assim como para encontrar o caminho no labirinto de escuridão, é necessário que o adepto tenha uma certa dose de presciência, de clarividência. Desenvolver esse dom é consequência comum da exploração de Satariel. E o maior benefício da obra mágica nesta Qliphah é a abertura do terceiro olho – o olho de Lucifer, Shiva ou Odin. Essas habilidades serão muito relevantes para o explorador que segue seu caminho para as duas Qliphoth restantes na árvore do conhecimento.
Todas as Qliphoth são exploradas em detalhes no clássico Cabala, Qliphoth e Magia Goética, de Thomas Karlsson. A edição normal está esgotada, mas a loja da Penumbra Livros ainda tem algumas unidades de uma edição limitada, encadernada em couro de serpente. Se quiser saber mais sobre Binah e a Cabala em geral, Iniciação à Cabala é um bom ponto de partida.
Veja também:
A’arab Zaraq, Os Corvos da Dispersão