Há milênios, a humanidade comemora os equinócios e solstícios, o início das estações. Nas antigas tradições a Roda do Ano representa o ciclo da natureza, o começo até o fim para então recomeçar tudo novamente. É o ciclo natural de todas as coisas no planeta: natureza e homens.
Apesar do distanciamento do homem da natureza, a Roda do Ano é usada para comemorações sociais até hoje, independente da religião professada, e na maioria das vezes de forma equivocada. A grande maioria das pessoas nem sabe a real origem da Páscoa ou do Natal.
Este “calendário” cíclico é composto pelo que chamamos de os oito Sabbat (festivais) do ano que justamente levam em conta a posição da Terra com relação ao Sol: : Equinócios e Solstícios.
Para várias religiões pagãs e neopagãs, esse caminho do Sol durante o ano, representa as várias fases do Deus: seu nascimento, crescimento, união com a Deusa, e, finalmente, seu declínio e morte. Nessas ocasiões, são homenageadas as duas divindades principais: a Grande Deusa que simboliza a própria terra, e o Deus Cornífero, protetor dos animais, dos rebanhos e da vida.
A Penumbra inicia uma série contando um pouco destes festivais, começando pelo dia de hoje, 31 de outubro, Beltane.
Beltane? Ué, não é Halloween?
O Ano Celta era dividido em duas metades: uma clara e a outra escura, quente e fria, que eram associadas ao verão e ao inverno.
A roda do ano é sobre as estações, e não sobre datas atribuídas. E, no hemisfério sul, ela gira ao contrario.
Este festival comemorado no dia 31 de outubro marca a entrada da parte clara do ano. Beltane, ou Bealtaine, significa literalmente “fogo brilhante”.
No Beltane comemora-se a fertilidade e o “retorno do Sol” com toda a sua magnitude. Nesse momento, as flores estão no auge para semear, os animais se acasalam, e toda a natureza (que está na primavera) se casa para imortalizar sua espécie.
O Deus (a quem a Deusa deu à luz no Solstício de Inverno) é agora um jovem no auge de sua fertilidade, se apaixona pela Deusa, que se apresenta como a Virgem. A união sagrada entre o Céu e a Terra, o amor que deu origem à todas as coisas do Universo.
Segundo a estudiosa, e autora do livro Hedge Witch, Rae Beth “A espiritualidade do prazer é um conceito alienígena na cultura atual, mas esse é o tema dos ritos de Beltane: inocente prazer na sensualidade e a criatividade que surge da união de opostos”.
Embora Beltane seja o festival mais abertamente sexual, o sexo nos ritos pagãos é meramente opcional, embora estes ritos impliquem fundamentalmente em sexo e fertilidade. A tradição de dançar em volta do mastro contém imaginário sexual e ainda é muito popular entre os pagãos modernos. Apesar de hoje ser celebrado de forma relativamente tranquila, quem leu As Brumas de Avalon sabe o quanto a comemoração pode ser animada.
Outro elemento importante da maioria das celebrações de Beltane é o Fogo. Ele é visto como tendo qualidades de purificação, limpeza e revitalização. As pessoas saltam sobre as fogueiras de Beltane para trazer boa sorte, fertilidade (da mente, corpo e espírito) e felicidade ao longo do ano que vem. Daí veio o costume de “Pular a Fogueira” nas festas Juninas.
Beltane é o tempo em que cada um brilha com luz própria, individual. É tempo de celebrar a vida em todas as formas. É o momento de dar boas-vindas ao Verão.
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