Atualmente, íncubos e súcubos – também conhecidos como incubus (plural incubi) e succubus (plural succubi) – são considerados demônios do sono, sendo frequentemente vinculados à atividade sexual. Mas nem sempre foi assim.
A Origem dos Íncubos e Súcubos
Os primeiros registros dessas criaturas vêm da Mesopotâmia. Esses demônios eram chamados Lilin (qualquer semelhança com Lilith não é mera coincidência), e há razões para crer que sua associação com a noite venha de uma tradução malfeita do sumério. Originalmente, esses demônios seriam da tempestade, e não da noite. Os nomes que usamos hoje vêm do latim.
Íncubos, Súcubos e o Vampirismo
Mudanças etimológicas à parte, íncubos são considerados demônios masculinos, que buscam se alimentar de energias sexuais femininas. Súcubos são suas contrapartes femininas. Há quem discorde dessa visão – Peter J. Carroll, em seu Liber Null e Psiconauta, por exemplo, propõem que essas duas classes de demônio são em sua maioria masculinos, apenas passando por femininos para se alimentar de outro tipo de energia sexual.
É da natureza dessas criaturas alimentar-se das energias de pessoas contra suas vontades, e daí vem a percepção do aspecto vampírico das mesmas. E é uma das razões pelas quais Lilith (mãe dos Lilin) é associada ao vampirismo.
Toda a árvore do conhecimento está infestada de demônios, mas cada Qliphah tem suas particularidades. Em especial, Gamaliel é infestada de Lilin (o nome sumério para íncubos e súcubos). O que faz muito sentido, considerando que Gamaliel é o antipolo de Yesod, estando ligado ao vampirismo e ao lado esquecido ou reprimido dos sonhos.
Evocações e o Que Pode Dar Errado
Mas como essas criaturas são criadas? A hipótese mais aceita é que sua gênese venha da mesma energia sexual que os alimenta.
Íncubos e súcubos são entidades pré-existentes criadas pela sexualidade patológica de outras pessoas.
De acordo com Kenneth Grant, em O Renascer da Magia, toda energia descarregada gera efeitos em todos os planos de existência. Quando energia sexual é gerada e não é direcionada a nada, o resultado é a criação – involuntária – de entidades “demoníacas”.
O incubus ou succubus é a exteriorização, ou extrusão, do sátiro em cada indivíduo.
Quando essas energias são corretamente direcionadas, no entanto, o resultado não são criaturas demoníacas desgovernadas. Aplicando a potência da energia sexual, focalizada pela vontade, o adepto pode gerar diversas crias – suas “crianças”, ou “filhos” mágicos. Esse processo é comumente usado para a criação de elementais, familiares e servidores.
Um servidor é um tipo de entidade que brota da consciência do magista quando em gnose, normalmente com um jogo de instruções embutido em sua estrutura.
Dave Lee, Caostopia
As operações de evocação podem ser feitas com base em qualquer forma de gnose, ou estado alterado de consciência, mas há um consenso entre diversas escolas de pensamento de que a energia sexual é particularmente eficaz para esse propósito.
Ou seja:
Entidades podem ser criadas para atender os desígnios do adepto através de aplicação de energias focalizadas. Se essas energias foram sexuais, os resultados tendem a ser melhores. Mas por outro lado, energias sexuais desperdiçadas – como, por exemplo, com desejos sexuais frustrados e obsessões de cunho sexual – podem gerar íncubos e súcubos. Essas criaturas são entidades demoníacas que vampirizam a energia sexual das pessoas – mesmo que nada tenham a ver com a criação dessas.
Se quiser saber mais sobre esses assuntos, ficam aqui algumas dicas de leitura. Liber Null e Psiconauta traz um capítulo só sobre evocações, que discute as principais formas de criar (ou convocar) entidades para auxiliar o adepto. O Renascer da Magia discute em profundidade os mecanismos que fazem com que a energia sexual seja capaz de dar vida a entidades etéreas. Caostopia se aprofunda no tema de evocações, e discute as diferentes classes de entidades com que se pode trabalhar. Mistérios Vampyricos é um excelente ponto de partida para quem pretende se aprofundar no tema do vampirismo. Cabala, Qliphoth e Magia Goética descreve em detalhes as Qliphoth, inclusive Lilith e Gamaliel. Kalciferum – Demônios, Bruxas e Vagantes é uma ficção em que diversos demônios caminham por um mundo como o nosso – inclusive, certamente, íncubos e súcubos. Todos esses livros estão disponíveis, em português, na loja da Penumbra Livros.