Já falamos sobre as diferentes crenças que se tem sobre a morte. Uma coisa é comum a quase todas: existe algo do outro lado, e é possível se perder no meio do caminho para a luz. Aqueles que se perdem são conhecidos por diversos nomes: fantasmas, espíritos perdidos, almas penadas, vagantes ou outros tantos.
vagante: adj m+f. Que vagueia; que anda errante.
Dicionário Michaelis
Vagantes na Ficção
Histórias de fantasmas são fascinantes. Tocam algum ponto sombrio na natureza do ser humano. Contar e ouvir essas histórias em volta de uma fogueira – ou mesmo em casa, com as luzes apagadas – é uma experiência fantástica. No cinema, há vários exemplos clássicos de histórias de fantasmas e vagantes. Os Outros é um filme só sobre isso. Sam (personagem de Patrick Swayze), de Ghost, é o típico vagante que tem assuntos pendentes a resolver. Dr. Malcolm (Bruce Willis), em O Sexto Sentido, não percebe que se foi. (Fica aqui o pedido de desculpas caso você não tenha assistido – mas, ei, o filme é de 1999!)
Mas não só os clássicos fantasmas hollywoodianos estão por aí. Há outros tipos interessantes de vagantes, como os da mitologia japonesa e os espíritos desencarnados do espiritismo.
Vagantes do Oriente
Os vagantes japoneses são conhecidos como Yūrei. De acordo com suas crenças, os morto que morrem em paz e recebem os ritos adequados tornam-se espíritos protetores de suas famílias. Seres de luz, que voltam uma vez ao ano para confraternizar com os vivos. Mas caso a morte seja violenta ou por suicídio, os ritos funerários adequados não sejam realizados e haja assuntos pendentes a resolver, os espíritos são condenados a vagar indefinidamente. Os Yūrei têm uma aparência um pouco distinta da dos fantasmas que conhecemos. Normalmente estão vestidos em roupas brancas e têm cabelos negros e longos. Suas mãos pendem de seus antebraços, como se não tivessem forças. Não possuem pés, e se locomovem flutuando pouco acima do chão. São normalmente vistos acompanhados de fogos-fátuos.
Vagantes Segundo o Espiritismo
De acordo com o espiritismo, os espíritos dos que se foram podem se manifestar de três formas. As duas primeiras se encaixam quase que perfeitamente com as crenças dos japoneses.
A primeira forma é a de guias espirituais – pessoas que se foram, mas permanecem acessíveis à nossa consciência, de forma a guiar e orientar os vivos. São tidos como forças bondosas, e se assemelham aos espíritos dos antepassados na cultura japonesa.
O segundo tipo são os popularmente chamados de almas penadas, encostos, espíritos perdidos ou vagantes. São espíritos de pessoas que morreram de forma súbita ou violenta, que possuem assuntos a resolver entre os vivos ou que não tomaram consciência da alteração em sua condição. São quase exatamente idênticos aos Yūrei – com exceção de sua aparência visual, que não precisa seguir a estética oriental.
O terceiro tipo de manifestação espiritual não recebe um nome específico, mas é o que outras culturas chamam de poltergeist. O fenômeno ocorre quando espíritos são canalizados por médiuns inadvertidos, normalmente de forma involuntária, causando manifestações físicas perceptíveis na realidade objetiva. Objetos que se movem e súbitas mudanças de temperatura são exemplos de manifestações poltergeist.
Kalciferum: Demônios, Bruxas e Vagantes, o romance de estreia de Andrei Fernandes, tem um personagem importante que se encaixa nessa categoria. É uma abordagem criativa e bem interessante do tema da vida após a morte. Além de vagantes, Kalciferum mistura demônios fugitivos, magos, bruxas e outras criaturas sobrenaturais em uma fantasia urbana altamente viciante. Kalciferum está em pré-venda, saindo pela Editora Penumbra, mas já pode ser adquirido com preço promocional por este link.