Choronzon, o Senhor da Dispersão

Choronzon, o Senhor da Dispersão

Símbolo de ChoronzonChoronzon é um demônio (ou força Qliphótica) que pode tanto auxiliar o adepto na Travessia do Abismo quanto conduzi-lo a uma insanidade tremenda. Tudo depende da preparação daquele que o enfrenta.

Choronzon recebe muitos nomes. Senhor da Dispersão, Senhor das Alucinações, Senhor do Triângulo, entre outros. Seu número é 333, a metade do número da Besta. Por esse motivo, há quem o considere como o aspecto feminino da Besta. O número 333 está diretamente ligado a seu símbolo, composto de três triângulos. Coincidência ou não, é bastante similar ao símbolo globalmente usado para indicar radioatividade.

De acordo com Kenneth Grant, em O Renascer da Magia, esse é também o número da impotência e da falta de controle. E esses são os males que acometem aquele que sucumbe à sua força.

Mas como esse demônio pode ser útil ao adepto? A resposta não é óbvia, mas você vai entender lendo até o fim.

Dee, Kelley e Crowley

Apesar de ser um princípio arquetípico atemporal, Choronzon foi nomeado pela primeira vez pelos intrépidos exploradores do desconhecido, Dr. John Dee e Sir Edward Kelley. Esses magos se depararam com ele durante suas desbravações dos Aethyrs. Em seus escritos, identificaram-no como o oposto metafísico de tudo que representa a Magia.

Aleister Crowley o define como a personificação das forças do Abismo. O menciona em diversos de seus escritos, sendo notáveis Operação de Amalantrah, Confessions e A Visão e a Voz.

Na Operação de Amalantrah, Crowley traça um paralelo entre Choronzon e a experiência de usar haxixe. No Confessions, explica como Choronzon é mantido em seu lugar pela ameaça constante de Babalon.

Mas talvez o relato mais impressionante venha de A Visão e a Voz, em que Crowley menciona uma experiência em que se deixou possuir pelo próprio Choronzon. Nessa ocasião, o demônio deu um jeito de escapar do triângulo de evocação, e as coisas saíram completamente do controle. Convenhamos: o que seria de esperar ao conjurar o Senhor do Triângulo a se manifestar em um triângulo? Seria sábio esperar que ele se comportasse e permanecesse confinado?

Choronzon acabou tornando-se muito importante para Thelema, sendo também referenciado como o Habitante do Abismo.

Uma Visão Moderna

Choronzon acabou virando figura carimbada na cultura pop. Seu nome aparece em inúmeras letras de músicas. Algumas, inclusive, recebem seu nome.

Grant Morrison, que apesar de ser um mago respeitável é mais conhecido pelos seus quadrinhos, resume bem a característica que Choronzon tem de dissolver o Ego. Ele cunhou a expressão “ácido choronzônico” – bastante adequada para se referir à natureza dessa entidade.

Curiosamente, Peter J. Carroll o define, em seu Liber Null e Psiconauta, de forma oposta ao conceito de Grant Morrison. Segundo Carroll, o conceito de Sagrado Anjo Guardião representa nosso poder de consciência, magia e gênio. Choronzon, por outro lado, representaria os efeitos colaterais obsessivos ligados a esse conceito do SAG.

Michael Bertiaux, famoso pelo seu trabalho com o Vodum Gnóstico e com diversas ordens esotéricas que seguem essa filosofia, mas também tem seus projetos mágicos mais particulares. Entre eles, destaca-se um grupo fechado chamado Choronzon Club.

Mas Choronzon normalmente não é representado em forma física. Há, inclusive, quem defenda que ele não possui uma. Ainda assim, ficou imortalizado nas ilustrações do primeiro arco de Sandman, Prelúdios e Noturnos. Sandman e Choronzon travam no Inferno um duelo de palavras, disputando um artefato mágico de grande importância para a história.

Atropelando Choronzon

Sandman derrota Choronzon com uma jogada um tanto cliché – dizendo que esperança supera todas as coisas. É claro que Neil Gaiman conta a história magistralmente, mas esse foi um daqueles momentos em que os quadrinhos adultos não correspondem ao conhecimento oculto.

É claro que esse demônio (como qualquer outro) pode aparecer para atormentar o adepto sem ser convidado. Mas o adepto (normalmente) só se encontra deliberadamente com ele na intenção de obter sucesso na travessia do abismo. E a ideia não é derrota-lo – é deixar que ele dissolva por completo o Ego, possibilitando assim uma travessia adequada.

Tendo poder suficiente, o adepto faz com que essa força aja a seu favor. Falhar nessa operação resulta invariavelmente em uma mente em frangalhos, e a loucura é praticamente inevitável. Liber Null e Psiconauta (o próximo lançamento da Penumbra Livros) reiteradamente adverte o leitor para os perigos inerentes ao contato com o demônio Choronzon.

 

O clássico Cabala, Qliphoth e Magia Goética, de Thomas Karlsson, fala mais sobre a Travessia do Abismo do ponto de vista do Caminho do Conhecimento. O Renascer da Magia, de Kenneth Grant, fala mais sobre a Operação de Amalantrah, do conceito de Choronzon segundo John Dee e Edward Kelley, e sobre o simbolismo do número 333. Liber Null e Psiconauta traz um capítulo inteiro devotado ao Senhor da Dispersão. Todos estão disponíveis na loja da Penumbra Livros.

 

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