Michael Bertiaux foi responsável por desenvolver e popularizar um sistema único chamado Vodum Gnóstico. Este sistema mistura elementos do Vodu Haitiano com a tradição gnóstica francesa, de influência Martinista. Bertiaux tornou-se adepto do Monastério dos Sete Raios, e veio a fundar a O.T.O.A. (Ordo Templi Orientis Antiqua), ordem que trabalha com seus sistemas mágicos. Você pode ler mais sobre a vida e obra de Michael Bertiaux neste link. Bertiaux escreveu o Voudon Gnostic Workbook – um tratado de quase 700 páginas que explica as bases de seu sistema de Vodum Gnóstico.
O Voudon Gnostic Workbook é uma referência única que engloba todo o sistema mágico de Bertiaux. É uma grande salada, que aborda os mais diversos temas. Alguns dos temas mais curiosos são introduzidos a seguir.
Hoodoo e Loa
O Voudon Gnostic Workbook começa de forma bem tradicional. A primeira parte discorre sobre espíritos hoodoo e loas. Ambos são clássicos do Vodu Haitiano, sem as influências do gnosticismo.
O livro mostra como é possível para o magista obter auxílio dos espíritos hoodoo para atingir seus objetivos e como usar veves para contactar espíritos. Outro ponto importante do Vodu tradicional abordado nesta parte é o uso do Grimoire Ghuedhe.
O sistema de Bertiaux é fortemente impregnado de magia sexual, e o Voudon Gnostic Workbook também trata de formas de contato com os Loa através de energias sexuais.
Aranhas
O tema das aranhas é recorrente no Voudon Gnostic Workbook. Seu simbolismo aparece em diversos contextos.
Um dos exercícios fundamentais sugerido pelo livro é o de visualização do eu como uma tarântula. As oito patas simbolizam oito direções para onde o magista pode viajar. Estas direções não têm relação direta com os pontos cardeais, sendo carregadas de significados mais esotéricos.
Uma vez “transformado” em aranha, o magista pode tecer sua teia, que pode ser usada para captar as energias cósmicas. A teia pode também ser usada como meio para se alcançar locais inalcançáveis de outra forma. É possível, por exemplo, lançar-se a viagens nas oito direções do tempo.
Points Chauds
Segundo o Voudon Gnostic Workbook, há 336 pontos no corpo, chamados Points Chauds. Estes pontos devem ser abertos para serem usados, em uma forma de campo de força mágico.
São particularmente relevantes 16 pontos nas vizinhanças da genitália e 16 pontos no cérebro. Estabelecer conexão entre estes pontos é parte importante do trabalho com os Points Chauds.
O adepto que domina os Points Chauds pode usá-los para chamar Loas a auxiliá-lo, traçando um símbolo sobre o ponto onde o Loa reside. Este adepto também torna-se receptivo às energias do cosmos, e tem o poder de usá-las como bem entender.
Templos Mentais
Uma parte importante do trabalho do Voudon Gnostic Workbook é a criação de templos mentais.
O templo não precisa seguir fórmulas tradicionais – ele pode, por exemplo, tornar-se uma nave espacial para levar o magista a contatar outros níveis de inteligência.
A operação do templo é (obviamente) baseada em energias sexuais. Isso pode atrair entidades interessadas em vampirizar essas energias, e é importante que o magista esteja preparado para lidar com essas energias pouco amigáveis.
O Voudon Gnostic Workbook apresenta diversos outros conceitos no mínimo curiosos, como Vudotrônica, Shintotrônica, o simbolismo de Osiris-Legba, a teoria de que o Haiti está onde ficava a Atlântida, entre outros tantos. Apesar de ser um livro complicado, denso e sem tradução em português, há uma bela porta de entrada para este mundo fascinante. Gnose Vodum, de David Beth (discípulo direto de Bertiaux) é uma breve introdução ao tema, que traz explicações diretas sobre os temas principais abordados nesta obra seminal. Gnose Vodum pode ser encontrado, em português, na loja da Penumbra Livros.