Em nossa série sobre a Árvore do Conhecimento, já abordamos as quatro Qliphoth inferiores: Lilith, Gamaliel, Samael e A’Arab Zaraq. Agora é a vez de Thagirion, Os Disputadores.
O nome desta Qliphah significa Os Disputadores. Está ligada ao processo de julgamento religioso, em que o Opositor (Shaitan, ou Satã) atua como um advogado na aplicação das leis das duas árvores, da vida e do conhecimento. A imagem do advogado do diabo está de uma forma peculiar associada a Thagirion.
Thagirion vs. Tiphareth
Assim como Tiphareth é o centro da árvore da vida, Thagirion é o centro da árvore do conhecimento. Uma esfera é o antipolo da outra. Ambas ocupam posição central em suas árvores, estando diretamente ligadas a quase todas as outras Sephiroth e Qliphoth, com exceção de Malkuth e Lilith. Quando se trilha o caminho em qualquer uma destas árvores, estas esferas são caminho obrigatório para as duas tríades superiores.
Ambas são frequentemente associadas a figuras messiânicas. Em Tiphareth, normalmente são personagens como o Cristo. Já em Thagirion, aparecem relações com figuras similares ao Anticristo e à Besta 666. Curiosamente, uma mesma figura pode ser vista como sendo ao mesmo tempo de Tiphareth e de Thagirion por pessoas diferentes ou em diferentes contextos. É até relativamente comum que uma mesma figura passe a ser vista como seu oposto em diferentes momentos. Exemplos incluem o salvador tornando-se o tirano e vice-versa.
O Sol Negro
Tiphareth é fortemente associada ao Sol – há uma associação com a iluminação e com o arquétipo solar. Em Thagirion, encontramos o Sol Negro, a contraparte do astro rei.
O simbolismo do Sol está ligado a deuses solares, como Hórus. O Sol Negro é o Sol que ilumina o submundo. Está ligado a Set, Odin e a todos os deuses solares que brilham nos reinos dos mortos em suas respectivas mitologias.
A iluminação do Sol Negro é capaz de despertar no magista o poder draconiano e a energia da Kundalini do mundo.
A Obra de Thagirion
Enquanto em Tiphareth é possível encontrar a salvação através de alguma figura messiânica, como é o caso de Jesus para os seguidores da cabala cristã, em Thagirion o magista é capaz de encontrar sua própria salvação. O magista é capaz de atingir sua plenitude, metaforicamente criando a si mesmo.
Em Thagirion, o magista encontra seu daemon, que pode assumir várias formas. Pode se manifestar na forma de Sagrado Anjo Guardião, uma figura de messias, ou mesmo uma parte oculta de si.
Dadas as grandes semelhanças entre Thagirion e Tiphareth, a essência da obra desta Qliphah manifesta-se no momento em que se torna possível discernir entre os caminhos da salvação através de um messias ou da autosalvação; da iluminação pelo sol convencional ou pelo Sol Negro.
Para conhecer mais sobre Thagirion e as outras Qliphoth, um bom ponto de partida é a obra Cabala, Qliphoth e Magia Goética, de Thomas Karlsson. Neste livro são dados, entre outras informações, os demônios dominantes e os sigilos de cada uma das Qliphoth. Se desejar conhecer mais sobre as Sephiroth e a árvore da vida, uma boa referência é o livro nacional Iniciação à Cabala, de Tova Sender. Ambos estão disponíveis na loja da Penumbra Livros.
Veja também:
A’Arab Zaraq, Os Corvos da Dispersão
