Entre a Série A das armas mágicas, a Lâmpada é certamente a mais negligenciada. Suas primas ricas – a Baqueta, a Taça, a Espada e o Pantáculo – são sempre lembradas. A relação com os quatro elementos principais – fogo, água, ar e terra, respectivamente – facilita a associação mnemônica e a lembrança das quatro principais. Mas a Lâmpada é igualmente importante, e merece ser mencionada em qualquer lista que se preze.
A Lâmpada e o Espírito
A Lâmpada é a arma da iluminação, e está ligada ao elemento do Espírito. Não há relação com o Fogo, ao contrário do que seria razoável supor. O Espírito não é um dos quatro elementos clássicos, razão pela qual não há relação direta com alguns conjuntos simbólicos. Um exemplo de conjunto que negligencia este elemento são os naipes do Tarô. Mas este fogo que dispensa combustível faz parte do conhecimento oculto da humanidade desde tempos imemoriais. É a sarça ardente da Bíblia, e também a lâmpada de Trismegisto.
De acordo com Eliphas Levi, em seu clássico Dogma e Ritual da Alta Magia, “a lâmpada de Trismegisto ilumina o presente, o passado e o futuro, escancara a consciência do homem e manifesta os mais profundos recônditos do coração feminino”. Fica aqui uma recomendação para que não se considere o feminino no sentido literal.
A Lâmpada de Baphomet
Ainda seguindo os escritos de Levi, sua figura clássica de Baphomet representa inúmeras dualidades. Solve et Coagula, o que está no alto é como o que está embaixo, características masculinas e femininas, luz e trevas. Um dos únicos elementos que é representado sem um oposto nesta imagem é a lâmpada em sua cabeça. Talvez o cubo, representando a Terra, seja a coisa mais próxima de um oposto, mas a luz sobre sua cabeça está essencialmente isolada nesta imagem.
Interpretações mais modernas de Baphomet apontam ainda elementos reptilianos, mamíferos e antropomórficos. Uma destas interpretações diz que trata-se de uma representação da evolução da consciência em nosso planeta. Dentro deste conceito, o estágio mais elevado de consciência representado no glifo de Baphomet é a Lâmpada – a iluminação e transcendência da vil matéria.
A Obra da Lâmpada
A obra dessa arma é de natureza extremamente pessoal, e muitas escolas iniciáticas não apresentam direções detalhadas para este percurso. Tamanha é a importância desta obra que todo e qualquer conselho vindo de fora mostra-se vazio, desnecessário e passível de induzir ao erro e ao fracasso.
Aleister Crowley, em seu Livro Quatro, Parte II, discute o processo de construção e a Obra de cada uma das armas mágicas. Esse livro pode ser encontrado, em edição rara em Português, na loja da Penumbra Livros.
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