Apesar da estética única que permeia os escritos medievais e renascentistas sobre Alquimia, entende-los de fato é sempre um desafio. Alguns séculos atrás, praticar magia poderia significar uma morte dolorosa na fogueira, e não apenas olhares atravessados, como é normalmente o caso hoje em dia. Os alquimistas tinham bons motivos para deliberadamente fazer com que seus textos fossem virtualmente incompreensíveis para aqueles que não possuíssem avançados conhecimentos a respeito do tema. Há vários livros sobre o assunto, mas por causa dessa complexidade exagerada, penetrar no mundo da Alquimia é uma tarefa complicada. Neste âmbito, o autor Basílio Valentim destaca-se por sua simplicidade e clareza.
Quem foi Basílio Valentim?
Frade Basílio Valentim (Basilius Valentinus, na versão latina) foi um alquimista alemão que viveu no século XV. Sabe-se que nasceu na Mogúncia (a cidade de Mainz, na atual Alemanha), por volta do ano de 1394. No século XVIII, foi levantada a possibilidade de ser na verdade um pseudônimo do alquimista alemão Johann Thölde. E é claro que ainda resta a controvérsia. O que torna tudo mais interessante.
Alquimia como Pseudociência
É fácil enxergar a alquimia nos dias de hoje como uma pseudociência. Mas muitas pseudociências do passado tornaram-se ciências hoje. O que é bastante natural, considerando a inexistência do método científico à época. Assim como a Astrologia virou Astronomia, a Alquimia tornou-se a Química de hoje.
E O Frade Basílio Valentim tem sua influência nesta antiga arte. Em sua elevada busca espiritual pela Grande Obra, acabou criando verdadeiros avanços técnicos, que ficaram como legados para a humanidade. Ele demonstrou métodos de produzir amoníaco, ácido clorídrico e o antimônio. Belos efeitos colaterais para uma dita pseudociência.
A Obra de Basílio Valentim
Sobreviveram ao tempo algumas obras de Basílio Valentim. Algumas foram escritas em Latim, outras em Alemão. Alguns são textos curtos, outros tratados mais extensos. Mas suas obras mais famosas e significativas são A Carruagem Triunfal do Antimônio e As Doze Chaves da Filosofia. Este último pode ser encontrado em Português, para o deleite de todos aqueles que desejam começar a estudar este tema fascinante, mas consideram-no impenetrável demais.
As Doze Chaves da Filosofia
As Doze Chaves da Filosofia, do próprio Basílio Valentim, apresenta de forma progressiva e sistemática o caminho para o sucesso na Obra Alquímica. O livro passa trata das conhecidas fases da obra alquímica, incluindo destilação, purificação, renascimento e o trabalho na obtenção da Pedra Filosofal, por exemplo. Enquanto outras obras apenas mencionam estas fases, As Doze Chaves da Filosofia explica estas etapas da forma mais clara que se encontra em textos alquímicos clássicos.
O diferencial deste tratado está no fato de Basílio Valentim, mesmo sem revelar diretamente o segredo, e utilizando imagens e símbolos, tratar de forma mais clara as fases da Obra, algo um tanto rato nos tratados herméticos ou alquímicos, tanto os mais antigos quanto os da sua época.
Em adição às Doze Chaves originais, a edição em Português assimila as belas ilustrações das Doze Chaves presentes na versão Francesa de 1669, além de um diálogo adicionado a posteriori.
As Doze Chaves da Filosofia pode ser encontrado na loja da Penumbra Livros.