Sem entrar na discussão da existência ou não do Jesus histórico, é seguro afirmar que o mito de Jesus Cristo é o mais amplamente conhecido em nossa sociedade nos dias de hoje. Todos nós – religiosos ou não – conhecemos esta história, mesmo que sem muitos detalhes. O que nem todos sabem é que diversos deuses e personagens míticos da Antiguidade têm uma história muito similar à de Jesus – e isto não é mera coincidência.
Elementos Básicos
Para termos uma base para as comparações que virão a seguir, vamos aos elementos fundamentais da história de Jesus:
- Seu nascimento foi anunciado por uma estrela no leste;
- Três reis o seguiram até seu local de nascimento;
- Nasceu de uma virgem, no dia 25 de Dezembro;
- Em vida, foi seguido por 12 apóstolos;
- Morreu crucificado após uma traição;
- Voltou à vida 3 dias depois.
Histórias Similares
Há uma série de outros deuses e personagens mitológicos muito similares a Jesus Cristo. São comumente caracterizados como deuses de morte e ressurreição.
O exemplo mais gritante talvez seja o egípcio Hórus, que às vezes se confunde com Osíris. Seu nascimento foi anunciado por uma estrela no Leste. O jovem deus-falcão Sokar, identificado com Hórus, foi visitado por três reis. Hórus também nasceu de uma virgem (na verdade sua mãe, Ísis, foi fecundada pelo membro decepado de seu pai, Osíris, após este ter sido esquartejado). Isto também ocorreu em um dia 25 de Dezembro. Também era acompanhado por doze discípulos. Morreu após ter sido traído por Set. Passou três dias enterrado e em seguida ressuscitou. Kenneth Grant conta em detalhes a trajetória e o simbolismo de Hórus em seu O Renascer da Magia.
Átis, da Frígia, nasceu da virgem Nana, em 25 de Dezembro, foi acompanhado por doze companheiros, morto por um javali, passou três dias enterrado, e então ressuscitou. Mais tarde Átis foi fundido ao conceito de Mitra – que tem uma história praticamente idêntica.
Krishna teve seu nascimento sinalizado por uma estrela no leste, nasceu da deusa Devaki, e voltou à vida após sua morte.
A mãe de Dionísio / Baco é fertilizada por um dos relâmpagos de Júpiter / Zeus, e não pelo processo sexual normal. O nascimento ocorre em 25 de Dezembro. Após sua morte, percorre o inframundo por alguns dias, e retorna à vida na sequência.
As coincidências são muitas, e a lista não para por aqui.
Coincidências?
Talvez seja um pouco ingênuo classificar estas semelhanças inegáveis como coincidências. O fato é que todas estas figuras míticas são alegorias para o ciclo anual do sol.
- A estrela da anunciação é Sirius, ou Sothis, que quando ressurge no céu após cerca de dois meses sem aparecer indica a chegada do período de chuvas – a volta da vida à Terra. O Renascer da Magia detalha o simbolismo de Sirius, e como o cômputo do tempo era muitas vezes mais baseado em Sirius do que no próprio Sol na antiguidade.
- Os três reis são o Cinturão de Órion – a constelação aqui conhecida como Três Marias – que indicam o local do “nascimento do sol”.
- O Sol percorre uma trajetória descendente no céu durante o inverno. No dia 22 de Dezembro, chega ao ponto mais baixo. Depois disso, para de descer. No dia 25, ele volta a se elevar – este é o “nascimento” do Sol.
- O Sol está próximo à constelação de Virgem quando isto ocorre – por isso ele nasce de “uma virgem”.
- Os doze apóstolos que o seguem são, obviamente, as doze constelações do Zodíaco.
- O ponto mais baixo no céu, onde o Sol “morre”, fica na direção da constelação do Cruzeiro do Sul – por isto, estes mitos morrem “crucificados”.
- O período entre os dias 22 e 25 de Dezembro são de “morte”, mas o Sol se ergue novamente após estes três dias.
Na Cultura Pop
O Super-Homem é provavelmente o exemplo mais gritante de deus de morte e ressurreição na cultura pop. De certa forma, também passou por um nascimento virgem – chegou do Espaço em uma cápsula, não foi concebido por sua mãe terráquea. A chegada da cápsula cobre também a estrela da anunciação. O número flutua, mas a Liga da Justiça certamente constitui um corpo de seguidores do Super-Homem – com a possível exceção do Batman, que não segue ninguém. Considerando os Superamigos, temos o Super-Homem, Batman, e mais 12 membros. Também passa por um processo de morte e ressurreição (como quase todo mundo no universo DC), embora passe bem mais de três dias se recuperando antes de voltar à vida.
Outro exemplo é Aslam, das Crônicas de Nárnia. C. S. Lewis era um cristão fervoroso, e se inspirou diretamente em Jesus Cristo para criar seu personagem. Curiosamente, Jesus é também representado na Bíblia como um leão (vide Revelação 5:5). Aslam também se sacrifica para salvar o povo. Durante este processo, tem sua juba cortada. Kenneth Grant também explica o simbolismo do leão sem juba – é o símbolo do Sol em sua fase mais fraca. Mas logo Aslam retorna à vida, com sua juba revigorada, como o redentor de Nárnia.
Finalmente, Gandalf é um Istar do universo de Tolkien. Em Valinor, era conhecido como Olórin, tendo sido criado como um dos Maiar – ou seja, não foi o fruto de uma união carnal. Gandalf, em todas as suas manifestações, está sempre ligado ao elemento fogo, assim como o próprio Sol. Gandalf, o Cinzento, se sacrifica numa batalha com o Balrog, caindo nas profundezas da terra. Após um período de provações no inframundo, retorna como Gandalf, o Branco, para salvar o dia. Gandalf nunca morre de fato – ele encerra sua história a partindo para Aman, as Terras Imortais.
Para quem ainda não assistiu, fica uma recomendação – a primeira parte do documentário Zeitgeist fala bastante sobre os deuses solares de morte e ressurreição, e pode ser visto na íntegra aqui embaixo. Aviso: é de explodir a cabeça!
Fica também a recomendação de O Renascer da Magia, que aborda em profundidade o mito de Hórus, a importância de Sirius e explica melhor o simbolismo do leão sem juba.
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