É possível traçar várias semelhanças entre divindades de diversas mitologias – e isso não se limita às culturas dos povos antigos, mas se aplica inclusive à cultura pop que consumimos diariamente. Desta vez, vamos falar de Marte e suas contrapartes.
Guerra é a primeira coisa que vem à cabeça quando se pensa em Marte. Marte se relaciona com o elemento Fogo, com a cor vermelha e o número 5. Está também ligado também à Sephirah de Geburah – a Severidade. Severidade leva à separação, e é dito na tradição cabalística que Geburah é o poder desintegrador que separa as coisas da unidade primordial, mantendo-as separadas. Da separação surgem oposições (luz e escuridão, etc.), e o próprio conceito de Satã teria relação com esta força dissociativa. Thomas Karlsson, em Cabala, Qliphoth e Magia Goética, defende que Geburah deu origem às Qliphoth – as contrapartes das Sephiroth, que formam a Árvore do Conhecimento. Karlsson também descreve em detalhes Golachab, o par de Geburah, representando o aspecto punitivo do divino.
Ares, Atena e Marte
O Ares dos gregos é um dos Olimpianos, filho de Zeus e de Hera. Normalmente é relacionado aos aspectos mais violentos e brutais da guerra. É o pai de Phobos (Medo) e Deimos (Terror), e amante de Enyo (Discórdia – não confundir com Éris!). É fácil entender estas relações de primeiro grau, principalmente considerando que os gregos estavam frequentemente envolvidos com algum conflito armado. Atena, irmã de Ares, está ligada à estratégia militar – uma faceta mais intelectual da guerra.
Marte, a contraparte romana de Ares, além de ser um deus da guerra, também se relaciona com a agricultura. Era o segundo deus mais importante para os romanos – um povo com inclinações notoriamente bélicas.
Hórus
Hórus também foi um dos deuses mais relevantes do Egito. Além de um deus da guerra, é ligado ao céus e à caça. A grafia de Hórus como a conhecemos deriva de Heru-ra-ha, e Heru é o arquétipo do herói que vence o inimigo invencível. É a derrota da luz sobre a escuridão, a separação da unidade, ligada a Marte e Geburah. Hórus é muito relevante na tradição Thelêmica. O Renascer da Magia, de Kenneth Grant, trata com maiores detalhes o simbolismo oculto de Hórus.
Thor
Mais do que um deus da guerra, Thor é um deus guerreiro. Está listado no Liber 777 como a divindade nórdica mais relacionada aos aspectos de Marte. Era um dos deuses mais adorados pelos povos escandinavos, e tinha associações com o trovão, o relâmpago, tempestades (os céus, como Hórus), mas também com força, proteção e fertilidade (agricultura, como Marte).
Mangala
A divindade menos conhecida desta lista é Mangala, que representava para os hindus não apenas um deus como o próprio planeta Marte. Ele possui quatro braços, e uma arma em cada mão. Na contramão dos aspectos de fertilidade de Marte e Thor, Mangala é celibatário.
Na Cultura Popular
A recente febre dos Vingadores colocou Thor novamente em evidência. Esta versão da Marvel não é um dos super-heróis mais antigos – Thor foi criado em 1962 pelo lendário Stan Lee (entre outros). O que faz dele um super-herói, e não um mero deus participando das histórias em quadrinhos, é sua história. Ao contrário da versão cinematográfica, Thor foi colocado na Terra por seu pai Odin, para se tornar mais humilde ao experimentar a humanidade em primeira mão. Seu alter ego não tinha nenhuma memória de sua condição divina, até que em uma situação de vida ou morte descobriu ser o verdadeiro portador do martelo Mjölnir.
É impossível falar sobre Marte e deuses da guerra sem mencionar o memorável Kratos, o Fantasma de Esparta e mais novo membro do panteão grego. Kratos matou sua própria família após ter sido enganado por Ares, e conquistou sua vingança eliminando o antigo deus da guerra. Tudo isso antes de descobrir que era, na verdade, filho de Zeus. Esta história é bem conhecida atualmente. O que poucos sabem é que existe e fato um Kratos na mitologia grega. O Kratos “clássico” era filho do titã Palas com a ninfa Estige. Não tinha nenhuma relação com Marte ou com a guerra – este Kratos era, na verdade, uma imagem da autoridade.
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